Papel da família na inclusão do Down é destaque em Sessão Solene na Ales

Papel da família na inclusão do Down é destaque em Sessão Solene na Ales

Em sessão solene em homenagem ao Dia Internacional da Síndrome de Down comemorado neste 21 de março, a importância e o papel da família no desenvolvimento da pessoa com a síndrome foram destaques dos discursos. Proponente da solenidade, que já ocorre pelo terceiro ano na Assembleia Legislativa (Ales), Cláudio Vereza (PT) reforçou que no relacionamento com a síndrome as outras pessoas têm muito mais a receber do que dar.

“São cidadãos plenos com direitos, deveres e potencialidades como qualquer outra pessoa”, destacou. Vereza reforçou que a relação humana é a coisa mais importante no desenvolvimento de qualquer cidadão.

O evento contou com a presença do vereador de Vila Velha e integrante do COMUDE-VIVE, Conselho Municipal de Direitos da Pessoa com Deficiência de Vila Velha, Ricardo Chiabai (PPS). O vice-presidente da Associação Vitória Down, Lisley Sophia Nunes Dias, defende que os direitos ao trabalho da pessoa com down passa não só pelo acesso a uma escola de qualidade, mas também pela consciência da família. “A inclusão começa em casa, mas ainda existem muitos que impedem o contato do deficiente com a sociedade”, lamenta.

Jovens da Associação Vitória Down contagiaram o plenário ao usarem a tribuna para revelar seus maiores sonhos que coincidiam simplesmente em namorar e casar, além de declararem seus amores incondicionais às famílias - deixa ideal para que o palestrante convidado, o psiquiatra infantil e psicanalista Athos Pereira Schmidt, provocasse os familiares presentes a discutirem a sexualidade das pessoas com a síndrome.

Especialista em transtornos de desenvolvimento da infância e da adolescência, Schmidt aponta que o discurso da sociedade ainda é o de que “vocês estão incluídos, mas sexo não, casar não” e que é preciso desenvolver a sensibilidade da família para o tema deixar de ser tabu. “O desejo é o que nos move na vida, e a sexualidade é junção de amor e orientação. Não dá mais pra escolher ou pra negar o direito de amar”, frisa.

Autor do livro “Mano Down, relatos de um irmão apaixonado”, o escritor Leonardo Gontijo, apresentou o Projeto Mano Down liderado por ele em Belo Horizonte. Leonardo contou sua trajetória, acompanhado pelo seu irmão o jovem músico Eduardo Gontijo, que tem a síndrome, conhecido como Dudu do Cavaco. A dupla emocionou o plenário ao cantar e tocar clássicos da música popular que reafirmavam o sentimento de amor e cumplicidade entre os dois.

 

Inclusão x inserção

Representando o Ministério Público Estadual (MPES) a promotora Sandra Maria Ferreira criticou a postura paradoxal da sociedade que diz incluir, mas quer escolher onde. Em seu discurso a promotora ressaltou que o Brasil apresenta “inúmeras legislações que cuidam das políticas públicas para deficientes, mas falta aplicação efetiva das leis e que as políticas sejam realmente ofertadas”.

As reais chances da lei de cotas, que garante a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, ser modificada ou até mesmo extinta no Congresso Nacional foram apontadas com preocupação pelo deputado Cláudio Vereza. Representando o Ministério Público do Trabalho (MPT-ES), o procurador Estanislau Tallon Bozi fez coro às preocupações da promotora e do parlamentar ao defender que “a inclusão vai muito além da inserção e da carteira assinada”. Para Bozi a verdadeira inclusão passa em um reordenamento no acesso à educação no país.

Fonte: Luan Antunes/ WebAles (www.al.es.gov.br)
 

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