Vereadores novatos traçam metas para o próximo ano

Vereadores novatos traçam metas para o próximo ano

Em tempos de Câmaras desgastadas perante a população, com legislaturas que se encerram tendo como legado a nomeação de ruas e projetos de questionável relevância, os vereadores que assumirão pela primeira vez em janeiro dizem que 2013 será um ano de mudanças. De olho na cobrança da população, eles buscam técnicos para suas equipes e já rodam a cidade para ouvir moradores.

Na Capital, dos 15 parlamentares, sete são estreantes. Destes, o campeão de votos é Davi Esmael (PSB), que conquistou 4,9 mil eleitores. Filho do ex-vereador e agora deputado Esmael Almeida (PMDB), ele se pauta no mandato do pai para planejar o que fará no futuro.

"Vou me pautar, nos primeiros momentos, sobre o trabalho desenvolvido pelo meu pai. Ele é o meu maior exemplo de político de sucesso, um herói para mim. Quero trabalhar pelos valores da família, contra a evasão escolar e pela mobilidade urbana", diz Davi.

Reconhecendo que tem "deficiência de conhecimento" em algumas áreas, o futuro vereador de Vitória já está em busca de nomes para a equipe. "O que vai prevalecer é o conhecimento técnico. A sociedade quer políticos que deixem a velha politicagem no passado. Devo ter comigo um advogado, um jornalista e alguém que cuide da internet. O vereador tem que se aproximar da população e este é um caminho", ponderou.

O tucano Luiz Emanuel Zouain também reza na cartilha da qualificação do mandato. Professor de Matemática por 22 anos, ele diz que a Educação será sua principal bandeira. Para desenvolver projetos na área, deve nomear como chefe de gabinete uma professora. Além dela, pretende ter como assessores engenheiros, um advogado e um jornalista.

"Também terei pessoas ligadas ao partido, mas não vou ficar com um gabinete fisiológico, com troca de cargo e favores", disse Luiz Emanuel, a respeito da interface política da função.

Wanderson Marinho (PRP) já começou a montar seu time. "Preciso de uma equipe que me dê tranquilidade e que trabalhe em todas as esferas para me ajudar a colher as demandas", diz ele, que tem feito contatos no partido e na iniciativa privada para escolher assessores.



Gabinete móvel

Um dos projetos do novo vereador é o "gabinete móvel", que a exemplo do que já começou a fazer o prefeito eleito Luciano Rezende (PPS) vai rodar as regiões da cidade, em audiências públicas, para ouvir os moradores.

"Vou ter um advogado, um assistente em serviço social, um especialista em gestão pública e um administrador no meu gabinete. Juntos eles vão dar embasamento para os meus projetos. De acordo com a necessidade, o gabinete itinerante poderá ser até quinzenal", disse Marinho.

Eleito pelo PPS, o professor de História Vinícius Simões está acompanhando Luciano, que já realizou duas audiências, para elencar propostas de moradores para o mandato.

"Temos que acompanhar o que os moradores desejam. O vereador é o personagem político mais próximo da comunidade e, por isso, tem que exercer bem a função. Se quiser ficar trancado entre quatro paredes, é melhor ser dentista", afirmou.

Para a equipe, Simões deve escalar pelo menos quatro professores. "Almejo chegar à Comissão de Educação da Casa, que é a minha área. Se não houver pessoas qualificadas, o trabalho é improdutivo".



"Pré-mandato"


Rogerinho (PHS) ainda nem tomou posse na Câmara, mas já se articula para levar melhorias ao seu reduto eleitoral, o bairro Itararé. "Estou me valendo do mandato para fazer contatos, discutir com a comunidade. Estou atuando em caráter de pré-mandato", destacou.

O futuro vereador revela que sua principal bandeira será o turismo. "Tenho viajado muito para ter ideias. Vamos buscar um estudo para que tenhamos um parque público e para que nossas pontes sejam pintadas, como é em Recife. Quero ser referência na organização turística", frisou.

Ex-presidente da Associação de Moradores de Jardim da Penha, Marcelão (PT) garante que atuará "para defender tudo que for de melhor" para a cidade e que formará uma equipe técnica. Mas faz mistério sobre futuros projetos. "Não gostaria de revelar o que tenho em mente para evitar que outro vereador apresente algo igual", resumiu.

O sétimo vereador estreante da Capital é Devanir Ferreira (PRB). Ele, contudo, não atendeu às ligações da reportagem.



Preocupação com imagem desgastada e perda de receitas

Se na Capital os vereadores estreantes já preparam seus mandatos com a formulação de projetos e escolha da equipe, nos outros municípios da Grande Vitória a preocupação, neste momento, são as perdas financeiras e a crise de imagem das Câmaras. A GAZETA ouviu os vereadores de primeiro mandato mais votados em Cariacica, Serra e Vila Velha.

"Tive a oportunidade de conversar com o prefeito eleito, Juninho (PPS), e deixei bem claro para ele que a questão social tem que ser prioridade máxima tanto para o Legislativo quanto para o Executivo. Temos que dar às nossas crianças oportunidades de cultura, esporte e lazer", considerou Claudemir Souza (PSB), o Bi, que em Cariacica atingiu a marca de 3,8 mil votos.

O futuro vereador socialista pondera que estar próximo das comunidades será um desafio, mas que, ocupando uma cadeira na Câmara, este é um caminho inevitável para quem quer se destacar.

"É preciso encontrar soluções para os desafios públicos, sobretudo nas áreas mais carentes. Os atuais vereadores deixaram muito a desejar e, por isso, vamos precisar apresentar algo a mais para mostrar que estamos interessados em trabalho sério. É preciso uma mudança de comportamento", considerou Bi.



Finanças

Na Serra, Aécio Leite (PT), que conseguiu 2,6 mil votos, quer trabalhar pela regularização fundiária e pela abertura de creches em horário integral. Mas, admite, num ano de desafios financeiros batendo à porta do município, a gastança na Câmara também merece atenção. O parlamento municipal terá, ano que vem, 23 assentos e salário de R$ 9,2 mil, além carro à disposição e cota de gasolina.

"Acho que os benefícios aos vereadores têm que ser rediscutidos. Se podemos diminuir gastos, isso é bom. O Orçamento da Casa, de R$ 30 milhões, é muito alto. Temos que chegar lá com uma nova visão, de olho na realidade. O novo prefeito vai chegar sem dinheiro. Tudo que for no sentido de cortar gastos eu apoiarei", garantiu Leite.

Em Vila Velha, Ricardo Chiabai (PPS) é o estreante com melhor desempenho nas urnas.
No rol de projetos que está preparando estão ações na área de Segurança. " Vou consultar especialistas com experiência para formular os projetos. É preciso achar soluções".

Ricardo Chiabai (PPS), eleito por 2,1 mil eleitores em Vila Velha, também está preocupado com a imagem da instituição. Em 2009, a Casa comandada por Ivan Carlini (PR) protagonizou um dos mais vexatórios casos dos últimos tempos, quando os vereadores pagaram casquinhas de siri, chope, bombons e até churrasco com dinheiro público. O caso veio à tona ano passado.

"Qualquer comportamento equivocado traz um prejuízo enorme à sociedade e também aos colegas. Vamos fazer um planejamento estratégico do mandato e montar uma equipe capacitada", assegurou Chiabai.


Fonte: A Gazeta - Eduardo Fachetti (efachetti@redegazeta.com.br)
Link: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2012/11/noticias/politica/1376551-camaras-novatos-tracam-metas-para-2013.html

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