Mudança é para os outros - Coluna Opinião do jornal A Gazeta

 Mudança é para os outros  

“Para boa parte das pessoas não existe interesse genuíno em abrir mão de nada por um país melhor”


Por Martha Zouain*

Tenho acompanhado algumas mudanças propostas pelo governo e o impacto destas nos diferentes tipos de perfis na nossa cultura. É claro que pessoas diferentes tendem a reagir diferente, mas, o que mais tenho observado, é um tipo específico que pode ser a nossa principal razão para um país tão próspero em oportunidades e com resultados tão limitados.


A exemplo da reforma da Previdência, nossa única saída para começar a crescer, é quase que uma unanimidade o posicionamento para a mudança, mas, desde que não altere em nada o rumo da própria aposentadoria. Para boa parte das pessoas, não existe interesse genuíno em abrir mão de nada por um país melhor e mais sustentável. Pessoas estão abertas a mudanças, mas não estão abertas a mudar e menos ainda a abrir mão de nenhum benefício que já possa ter conquistado.


Levantamos bandeiras e cartazes para cobrar um país melhor e esquecemos que somos contribuintes diários de exemplos do que não praticar. Precisamos ser coerentes ao aceitar perder para construir, sofrer para conquistar. O sucesso e prosperidade sempre serão frutos de muito esforço, foco e determinação. Por pior que o cenário se configure, não é negociável jogar sujo ou transgredir.
Desde cedo, pela educação que recebi, entendi que o futuro não é um lugar que está pronto e caminhamos em direção a ele. Aprendi que o futuro é um lugar que construímos dia após dia, com nossas ações do presente. Se nós apoiamos na neurociência para entender, fica muito claro que é a qualidade do pensamento que nos permite transformar e criar a vida que desejamos experimentar. É através do pensamento que se chega à ação. A mesma ação que pode mudar o mundo ou torna-lo um lugar pior.


É aí que mora o segredo. Para dar certo precisamos de um cenário de transparência e confiança, com crianças educadas por adultos coerentes e íntegros, que acreditam que de fato todo processo de mudança começa inevitavelmente pela mudança de nós mesmos. Projetar o problema no outro traz conforto pessoal, mas não muda um país.

 

Publicado em Coluna Opinião do jornal A Gazeta de 24 de junho de 2019A Gazeta de 24/06/2019

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